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Cloud Computing?! Mas Afinal O Significa Isso Para Mim, Que Sou Um "Simples" Utilizador?

Quem me “segue” sabe que, há mais de um ano, estou falando sobre Cloud Computing, e publicado algum material sobre esse tema. No entanto, tenho feito para uma audiência mais técnica (principalmente CIOs – Chief Information Office) e mais empresarial, e hoje vou tentar explicar o que é Cloud Computing para um utilizador “comum”, que não sabe nada sobre tecnologia, e que acaba por não entender quase nada do que tenho vindo a falar sobre Cloud Computing!. Confesso que irá ser um desafio, mas vou dar o meu melhor 🙂

NOTA: Irei mencionar o nome de algumas empresas e de alguns produtos, porém quero deixar claro, que não os estou a recomendar, e que apenas o faço de modo a que os conceitos possam ser mais fáceis de entender.
Também irei mencionar alguns termos técnicos, mas não se preocupem pois o importante não é entender o seu significado.

COMO NASCEU O CLOUD COMPUTING?

Quem usa a Amazon.com, especialmente no Natal, em que existem imensas encomendas de última hora, já deve ter notado que os serviços da Amazon.com nunca deixaram de funcionar nessas alturas, ou seja mesmo nas véspera do Natal, nunca deixamos de poder comprar os livros que queríamos oferecer, isto porque o site da Amazon.com, por norma, funciona bem quer existam muitos utilizadores ou poucos utilizadores online num determinado momento.

Agora comparemos isso com o site das finanças portuguesas, que também tal como a Amazon.com, tem períodos, especialmente perto da data limite das declarações online, onde muitos utilizadores online a tentar entregar entregar as suas declarações, no entanto, com alguma frequência, esses serviços estão indisponíveis.

E porque é que isso acontece? Porque o Ministério das Finanças Portuguesas, não pode comprar servidores, que apenas irão ser usados nos períodos de maior fluxo de utilizadores online, e depois deixá-los sem uso durante a maior parte do tempo. E não seria apenas necessário a compra de mais servidores, seria também necessário comprar mais routers, switches, sistemas operativos, base de dados, licenças de software, configurar esses servidores, providenciar segurança, etc.

NOTA: Tal como mencionei acima, não se preocupem com os termos mais técnicos, o importante não é entender o seu significado, mas sim o que implica ter uma infra-estrutura, que seja virtualizada ou não, capaz de dar resposta imediata e sem interrupções aos pedidos dos utilizadores, e o mais importante, ter tudo isso operacional nas alturas em que é verdadeiramente necessária.

Mas então a Amazon.com não teria de fazer o mesmo, ou seja investir em toda essa infra-estrutura para poder ter um nível de serviço e disponibilidade sempre constante e disponível, mesmo nas alturas de maior uso?
E a resposta é SIM! Então o que fez a Amazon.com com toda essa infra-estrutura que está “parada” durante as alturas de menor utilização?

Desde 2002, a Amazon.com alugou essa capacidade extra, mas em 2006 decidiu lançar dois serviços abertos ao público, que colocaram a Amazon.com à frente na corrida do Cloud Computing: o Simple Storage Solution (S3), que permite ao utilizador comprar espaço para armazenar ficheiros online; e o Elastic Compute Cloud (EC2), que permite utilizar máquinas virtuais completas.

Depois veio a Google, com as suas Google Apps, nas quais está incluído o Gmail (e já voltamos ao Gmail mais daqui a um bocadinho), e muitas mais empresas se seguiram na oferta de serviços Cloud Computing.

MAS ENTÃO O QUE É VERDADEIRAMENTE O CLOUD COMPUTING?
TUDO O QUE ESTÁ DISPONÍVEL ATRAVÉS DA INTERNET, É CLOUD COMPUTING?

NÃO! Nem tudo o que está disponível através da Internet é Cloud Computing! Tenho verificado alguma confusão sobre o que é verdadeiramente o Cloud Computing, inclusive em alguns portais de tecnologia, onde tudo o que está acessível através da Internet é considerado Cloud Computing, e isso é incorrecto.

Na verdade, toda a tecnologia que torna possível o Cloud Computing, não é nova, o que é novo é a forma como usamos essa tecnologia.

É costume fazer-se a comparação entre o Cloud Computing e a electricidade, pois para termos electricidade nas nossas casas, não tempos de ter uma central eléctrica dentro das nossas casas, e em termos de facturação apenas pagamos o que usamos.

O mesmo acontece com o Cloud Computing, pois para termos acesso a todos os produtos/serviços que o Cloud Computing disponibiliza, não temos que ter toda a infra-estrutura de hardware e software dentro das nossas casas e/ou empresas, nem sequer necessitamos de instalar software nos nossos computadores, pois todos os serviços:

1 – Estão disponíveis através de uma ligação Internet

2- Apenas pagamos o que consumimos tanto a nível de capacidade de computação, tráfego de rede, espaço de disco (a nível pessoal, por exemplo não pagamos nada para armazenar um vídeo no YouTube, mas alguém paga indirectamente – a publicidade – e nós, consumidores, usamos de graça)

3 – Os utilizadores podem automaticamente, e de modo simples, usar mais ou menos recursos (por exemplo, podemos adicionar e apagar os vídeos que queremos, e de imediato, no YouTube.
E esses recursos têm um potencial de crescimento “ilimitado” (por exemplo, quem usa o Gmail já deve ter notado que na página de login existe uma secção “Lots of space: Over 7463.982674 megabytes (and counting) of free storage.” e que a cada segundo o espaço está sempre a aumentar.)

4 – Os utilizadores configuram e usam os serviços sem a necessidade da ajuda de um profissional técnico (por exemplo, a maioria de nós sabe usar o Google Docs de um modo independente, ou seja, não necessitamos de enviar o ficheiro, que queremos armazenar, para ninguém e esperar que essa pessoa o coloque lá, simplesmente fazemos nós próprios)

5 – Não é “conhecida” a localização dos recursos (por exemplo, aonde está o servidor no qual guardamos os nossos documentos no Google Docs? Não sabemos, está algures num dos servidores da Google, num país qualquer, e esse documento pode não estar sempre no mesmo servidor)

Como nem tudo o que está disponível através da Internet possui as cinco características descritas acima, logo nem tudo o que está disponível através da Internet é Cloud Computing, tal como o exemplo dado acima sobre o site das finanças, o qual não tem capacidade de crescimento “ilimitado” de recursos.

MAS QUAL O IMPACTO DO CLOUD COMPUTING NAS NOSSAS VIDAS? O QUE MUDA?

Podemos dizer que o Cloud Computing muda quase nada, mas que também ao mesmo tempo muda quase tudo nas nossas vidas:

Muda quase nada porquê? Porque apenas” temos acesso, através da Internet, a um conjunto de aplicações bastante úteis, tais como o Google Docs, mas que do ponto de vista conceptual não é importante saber se é ou não Cloud Computing.

Muda quase tudo porquê? Porque temos acesso, através da Internet, a um conjunto de aplicações bastante úteis e inovadoras, que há uns tempos atrás seriam quase impossíveis de existir, e a preços bastante competitivos.

Para além disso, a maioria das “novas” redes sociais e aplicações web, tais como o Facebook, o Twitter, o YouTube, SlideShare, Prezi, Zoho, Cloud Antivirus, entre muitas outras, não seriam possíveis de existir (pelo menos com as funcionalidades actuais) caso não existisse o Cloud Computing.

Vou dar mais um exemplo prático: qualquer um de nós, pode usar a plataforma de desenvolvimento de aplicações do Facebook, para desenvolver o número de aplicações que quisermos, e facilmente torná~las disponíveis a todos os utilizadores do Facebook, e a prova disso é o número de aplicações disponíveis no Facebook, incluindo os jogos.

CONCLUSÃO:

O Cloud Computing veio para ficar, e vai ajudar imensas empresas a disponibilizar soluções inovadoras através da Internet, sem que para isso tenham de investir e adquirir servidores, nem adquirir/instalar ferramentas de desenvolvimento das aplicações, nem software de segurança (pois toda a segurança é fornecida através dos seus fornecedores de Cloud Computing – e essa segurança é muito mais eficaz do que a segurança que os próprios poderiam fornecer e manter)

E toda essa inovação, estará disponível para o “simples” utilizador, a preços extremamente reduzidos, e muitas vezes completamente grátis.

Deixo aqui exemplos de dois membros desta rede que desenvolveram aplicações SaaS (Software as a Service), que é um dos tipos de serviços disponíveis no modelo Cloud Computing:

João Lopes Martins – http://www.thestartracker.com/profile/?id=21446 – da http://www.muchbeta.com/ (aconselho a leitura do seguinte post http://blog.lawrd.com/en/data-security/)

Rui Alves – http://www.thestartracker.com/profile/?id=8742 – da http://www.rupeal.com/ (aconselho a leitura do seguinte post: http://www.rupeal.com/2009/06/17/saas-e-os-seus-custos-na-rupeal/ )

O que significam essas aplicações SaaS, desenvolvidas pelas empresas desses dois strackers, para nós? Significam o acesso a aplicações úteis, de modo simples, sem a necessidade de instalar software nem licenças, através da Internet, com actualizações automáticas e a custos mesmo muito reduzidos,

O que significa Cloud Computing para as empresas desses dois strackers, para além do facto de não terem de comprar e configurar servidores, software e suas licenças, base de dados e sua configuração, etc.?

Significa que de um momento para o outro, toda a população do mundo pode vir a ser seus clientes, que eles não têm de se preocupar, pois têm essas aplicações nos servidores dos seus fornecedores de Cloud Computing, os quais têm capacidade de crescimento (e também de redução) ilimitada e imediata, logo as aplicações, fornecidas pelas empresas desses dois strackers, não deixam de funcionar quer devido a falta de espaço em disco, nem falta de capacidade de processamento, nem tão pouco perdem performance.

PARA SABER MAIS

Este artigo foi apenas uma pequena introdução, do posto de vista do utilizador final que não sabia o que era o Cloud Computing, e em que apenas formam abordados, de um modo muito ligeiro, os conceitos e benefícios do Cloud Computing para o utilizador final, no entanto, Cloud Computing é muito mais do que isto, e não existem apenas benefícios, existem também riscos.

Quem tiver interesse em saber mais, pode consultar a minha página em
http://www.mariaspinola.com/CloudComputing.php onde encontram um vídeo que explica o que é “Cloud Computing in plain english”, assim como o White Paper que escrevi em 2009 (e que ainda está actualizado): “An Essential Guide to Possibilities and Risks of Cloud Computing — A Pragmatic, Effective and Hype-Free Approach For Strategic Enterprise Decision Making” – http://bit.ly/XzhIF

Muito Obrigada e podem contar comigo no que eu puder ser útil.

Maria Spínola
http://www.mariaspinola.com

P.S. Gostaria de obter o vosso feedback em relação ao meu objectivo inicial, ou seja, o de tentar explicar o que significa Cloud Computing para o utilizador “comum”, e em caso negativo, o que gostariam de ver explicado, e de que forma?

Artigo originalmente publicado em http://www.thestartracker.com/blog/?id_entrie=34

Publicado emCloud Computing, White Paper

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